Pedro Geromel pelo GD Chaves frente ao Paços Ferreira

Foto: GD Chaves

Geromel, o “Menino de Ouro”, foi um dos talentos mais promissores a passar pela formação flaviense. Um defesa cheio de recursos, explodiu para o futebol no Chaves, jogou nas provas europeias, passou pela Bundesliga e La Liga e ganhou a Libertadores pelo Grêmio. Pelo meio, representou a seleção brasileira.

Uma carreira bonita que começou em Trás-os-Montes… E durante anos foi o abono de família do conjunto azul-grená.

Do Palmeiras aos juniores do Chaves

Antes disto tudo, Geromel chegou miúdo ao Municipal em 2003. Veio do Palmeiras, icónico clube brasileiro, onde foi colega e equipa de Vágner Love, que seria “carrasco” do Sporting poucos anos depois na final da Taça UEFA.

A entrada em Chaves foi chocante. “Chaves, que na altura tinha 20 mil habitantes, foi um choque tremendo. Ainda para mais sou de São Paulo, uma cidade muito grande. Lembro-me que no primeiro dia foram mostrar-me a cidade, dei umas voltas pelas ruas de carro. A pessoa que estava comigo no fim pergunta-me ‘E aí, gostou da cidade?’ A minha resposta foi mas é só isso tudo? Caramba!”, disse em entrevista ao Maisfutebol.

O jovem defesa não veio sozinho. O amigo Rodrigo Babu, sobrinho do ex-dirigente flaviense Joaquim Carneiro, chegou com Geromel a Trás-os-Montes. Por cá, descobriu uma nova família.

“Fui para casa do tio de um amigo meu, que me recebeu de braços abertos. O Joaquim Carneiro tratou-me como se fosse da família, deu-me casa, alimentação. Quando o sobrinho dele foi embora, deixou-me morar com a mãe dele, a tia Hermínia, que me tratou como se fosse família”. Disse o próprio, numa conferência de imprensa antes de um jogo da seleção brasileira em 2016.

No frio transmontano… Nasceu a estrela Geromel

Geromel num jogo do Chaves para a Segunda Liga em 2004/2005
Geromel num jogo do Chaves para a Segunda Liga em 2004/2005

Na época de 2003/2004, Geromel despontou na equipa de juniores do Desportivo. Ao lado de Rodrigo Babu. Mas o companheiro de aventura apenas durou poucas semanas no Municipal e regressou ao Brasil. Manteve-se o defesa, a muito custo e sofrimento, mas o desejo de ser futebolista profissional foi mais forte.

“Foi um choque muito grande, também a nível da cultura. Cheguei no verão, em julho, mas depois veio o inverno e eu nem tinha uma camisola para o frio. Passava frio para caramba. Então peguei no salário e fui comprar uma camisola para o frio. Nunca mais a larguei. Todos os dias ia para o treino direto com a camisola vestida. São tempos que recordo com carinho”, explicou o brasileiro.

Na temporada seguinte, Geromel afirmou-se. A partir de janeiro, com o Chaves a passar dificuldades na Segunda Liga, o jovem promissor foi chamado pelo treinador Jorge Amaral para a equipa principal. Foi sendo substituto utilizado, mas no início de fevereiro já era o titular.

Ao lado do lendário Paulo Alexandre, fez 15 jogos com a camisola azul-grená. Infelizmente, não foram suficientes para assegurar a manutenção e os flavienses desceram de divisão. Com ela, veio a despedida de Geromel.

O abono de família do Desportivo de Chaves

Geromel: O Menino de Ouro
Geromel jogou na equipa principal do Chaves uma época Foto: GD Chaves

No meio da instabilidade, Marcelo Delgado passou a comandar os destinos do clube e agarrou num Desportivo sem dinheiro.

A tesouraria estava às aranhas e foi preciso liquidez, daí ter sido irrecusável a proposta feita pelo Vitória SC no verão de 2005, que levou a jovem estrela por dinheiro e com direito à percentagem de uma transferência futura.

Este negócio fez com que o “menino de ouro” se tornasse um balão de oxigénio para o Chaves, mesmo que à distância. A primeira venda, do Minho para o Colónia da Alemanha, trouxe estabilidade aos cofres transmontanos.

Depois disso, e com o novo fantasma da insolvência a aparecer em 2010, foi recorrente para os sócios flavienses esperarem uma eventual transferência do defesa para dar alguma tranquilidade.

Uma carreira de topo na Europa e no Brasil

Nos relvados, o prodígio atingiu os patamares mais altos. Pelo Vitória SC foi o jogador da época 2007/2008, um ano extraordinário para os vimaranenses, que chegaram à Liga dos Campeões após conquistar o 3.º lugar.

Depois disso jogou na Liga Alemã, representou o Mallorca na Liga Espanhola e voltou ao Brasil, para dez épocas com a camisola do Grêmio. Em Belo-Horizonte, ganhou a Taça do Brasil, a Recopa Sul-Americana e, como ponto alto, levantou a Taça dos Libertadores em 2016/2017. Com isso, jogou a final do Campeonato do Mundo de Clubes, perdida para o Real Madrid de Cristiano Ronaldo.

Em dezembro de 2024, chega ao fim a carreira de um dos melhores jogadores a sair da formação azul-grená. Um ícone que foi além-fronteiras.

Perfil de Geromel

Nome: Pedro Tonon Geromel

Data de nascimento: 21-09-1985

Naturalidade: São Paulo, Brasil

Posição: Defesa Central

Clubes na carreira: GD Chaves (2003/2004 a 2004/2005), Vitória SC (2005/2006 a 2007/2008), FC Koln (2008/2009 a 2011/2012), Mallorca (2012/2013 a 2013/2014), Grêmio (2014 a 2024).

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