5 maiores desafios para Francisco Carvalho no GD Chaves

Os sócios do GD Chaves decidiram: Francisco Carvalho é o novo presidente do Desportivo. Naquelas que foram as eleições mais votadas da história do clube (mais de 700 sócios foram às urnas), venceu com 485 votos a favor, contra os 231 para a lista B (5379-2305 em votos por antiguidade).

Francisco sucede ao filho, Bruno, na liderança da direção, ficando oficialmente na cadeira do poder depois de 14 anos como mentor do projeto da família.

Pela frente tem dois anos de mandato e uma mão cheia de desafios para cumprir, depois de mostrar um programa eleitoral com promessas de infraestruturas, modalidades e mudanças na formação.

Quais vão ser as tarefas mais árduas e em que o novo presidente terá de mostrar serviço? Eis a lista:

1 – Formação

Foi o calcanhar de Aquiles durante a campanha para a lista de Francisco Carvalho e é uma das áreas que requer maior atenção.

Sem sermos inocentes, é óbvio que a falta de aposta em jogadores formados no clube foi uma negligência forte da direção anterior (da qual Francisco faiza parte e de onde transita a maioria da nova estrutura), que também tem funções na SAD. Já se começou a dar contratos a miúdos promissores da equipa B, mas não é suficiente. Eles precisam de jogar!

No ponto de vista competitivo, ter juvenis e iniciados na distrital é inaceitável e é um obstáculo de relevo na evolução dos nossos jovens. Uma época forte precisa-se com urgência.

A falta de condições também terá de ser rapidamente revista: não pode continuar haver falta de enfermeiros, transporte ou lanches para os jovens.

Por fim, não se pode continuar com remendos. É urgente contratar alguém com conhecimento e experiência para dirigir o futebol de formação. Há que encontrar um bom coordenador rapidamente.

2 – Cativar sócios

A sangria de sócios do GD Chaves é conhecida, não só por causa da descida da Primeira Liga que, mesmo sendo a equipa da SAD, tem sempre impacto no clube. Mas também por desinteresse ao longo dos anos, seja por uma razão ou outra.

Vai ser uma tarefa difícil mostrar-se de “cara lavada” para tentar trazer de volta esses associados que abandonaram, mas pode ser feito.

Se fizer uma campanha de angariação de sócios séria e a começar já (como fez há 14 anos, quando entrou no clube), pode conseguir fazer subir o número de sócios, atualmente abaixo dos 3 mil.

Será um trabalho duro e que terá e ser levado muito a sério, mas exige-se um foco nos sócios, até porque a renumeração está aí à porta.

3 – Orientar a direção

Dentro de casa nem tudo são rosas para Francisco Carvalho que, mais que nunca, terá de conseguir orientar os membros da sua lista, tanto em serviço ao clube, como na comunicação.

Há certos dirigentes que, mesmo estando em funções há vários anos, não se reconhece qualquer tipo de iniciativa que tenha mudado o que seja no Desportivo. Ter “corpos-presentes” não serve, especialmente agora que é imperativo unir os flavienses.

Acima de tudo, tem de suster a forma como alguns elementos falam para os sócios. Correção nas redes sociais é imperial, deixar a hostilidade sobre alguns idem (por muito pica-miolos que sejam).

Só se conseguirá ser credível se conseguir falar com os associados, sejam os que o apoiaram, sejam os que se opuseram.

4 – Infraestruturas

Foi a grande promessa eleitoral de Francisco Carvalho: novas infraestruturas para o Desportivo de Chaves. Primeiro colocar uma cobertura e camarotes na bancada descoberta, depois meter uma bancada no relvado do complexo desportivo. Pelo meio, construir mais um campo no dito complexo.

A proposta é boa e será importante para o futuro… Mas será exequível? Financeiramente o esforço é enorme para um clube com receitas limitadas. Por isso, só se pode presumir que o investimento será privado. A questão do complexo será certamente, já que os campos de treino são da SAD.

Quanto à bancada descoberta, como será paga? Dará para aumentar as estruturas de apoio, que ficam tão perto da estrada? A torre vai à vida? São questões importantes a resolver, apesar de ter uma bancada daquelas restruturada ser muito bem-vindo.

A proposta que parece mais facilmente resolvida é a recuperação do pelado no topo norte do estádio – o Maracanãzinho. Sempre era mais um campo para os miúdos da formação. Apesar de ser boa ideia meter-lhe um sintético em breve.

5 – Protocolo com a SAD

Por último, a parte financeira. E aqui será inevitável abordar aquela que é a maior incógnita para a gestão do clube: o protocolo com a SAD.

Aqui, a nova direção “sofre” por culpa própria: decidiram que o protocolo seria assim, mas agora as coisas mudaram. Pensar só na SAD já não é suficiente e é preciso olhar bem, com seriedade para os problemas do clube.

Ora, ter 70% das quotas (a maior fonte de receita do clube) a ser entregue à SAD não é exequível, nem receber apenas 30 mil euros pela utilização da imagem do GD Chaves. Receber só 5% da receita da lona também é pouco.

Fala-se tanto na venda da SAD, que seria urgente resolver este acordo de uma vez e tentae consolidar as receitas do clube, em vez de “desviá-las” (salvo seja) para o futebol profissional.

Conclusão

Francisco Carvalho estará à frente da direção do nosso Grupo Desportivo de Chaves nos próximos dois anos, mas em circunstâncias bastante diferentes dos últimos 14 anos.

Passou a ser o principal responsável pelo clube, do qual terá de dar a cara de agora em diante, para o bem e para o mal.

Nestas duas épocas como presidente, terá muito trabalho pela frente para levar o nosso Desportivo mais longe no desporto nacional.

Que tenhamos um clube mais forte, organizado e aberto à cidade de Chaves até 2027.