
Fonte: GD Chaves
SAD. Sigla de “Sociedade Anónima Desportiva”. O termo entrou no dicionário do futebol português no final da década de 90, sendo formada pelos clubes. Mas, afinal, qual é a diferença entre uma SAD e um clube?
Passamos a explicar quais as responsabilidades dos clubes e das SAD, porque se misturam os dois e a razão para causarem tanta confusão nos últimos anos.
Índice
Qual é a diferença entre um clube e uma SAD?
Vamos usar um exemplo prático: o Grupo Desportivo de Chaves.
Primeiro veio o clube, fundado a 27 de setembro de 1949. É uma Instituição de Utilidade Pública e tem várias beneces ao nível fiscal, por se tratar de uma associação.
Antigamente, o Desportivo era o clube, apenas e ó. Era sob o clube que estava o futebol profissional, a formação, as modalidades, o património. Tudo o que estivesse relacionado com o Chaves.
Agora, não é bem assim. Agora há dois GD Chaves, como há dois Benficas, duas Académicas, dois Marítimos, etc.
Vamos então às SAD.
As Sociedades Anónimas Desportivas foram criadas no final do século passado e passaram a ser obrigatórias a partir de 2013 para gerir as equipas de futebol nos campeonatos profissionais. São empresas, funcionam como empresas e, acima de tudo, pagam impostos como empresas.
Há dois formatos:
SAD: podem entrar investidores, a maioria das ações pode ser vendida e o clube fundador terá de rer um mínimo de 10% das quotas.
SDUQ: nas Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas o único acionista é o clube, não podendo ser vendida a acionistas.
No caso do GD Chaves, optou-se por uma SAD, o que permitiu que a família Carvalho ficasse com o controlo do futebol profissional. Ou seja, a direção do Desportivo, clube, não tem qualquer intervenção na equipa principal, nem os sócios têm poder de decidir o futuro da gestão da equipa principal.
Então o que faz o clube? É o bastião do Grupo Desportivo de Chaves, é por ele existir que o nome, emblema, cores e história estão vivos. Sem ele, a SAD poderia decidir (como no caso do AVS) ir para outro lado e chamar-se outra coisa qualquer.
Desportivamente, preocupa-se apenas com as modalidades amadoras e com o futebol de formação. Nem a equipa B entra nestas contas, já que também está na posse da SAD. Por outro lado, é o clube que tem o direito de imagem e nome do Grupo Desportivo de Chaves. Depois esse nome é que é disponibilizado à SAD. No fundo, só há Chaves SAD se o Chaves clube quiser.
Também tem um património mínimo. O complexo desportivo é da SAD, enquanto o clube apenas tem o direito de utilização do estádio Municipal, dado pela Câmara Municipal de Chaves, o qual foi depois cedido à SAD no polémico protocolo entre os dois “GD Chaves”.
Por outro lado, o clube é controlado pelos sócios. São eles que decidem quem é a direção, que podem pedir Assembleias Gerais Extraordinárias e que pagam quotas para manter o clube com portas abertas. Porém, 70% desse valor é cedido à SAD, devido ao já mencionado protocolo.
Por que há tantos problemas entre clubes e SAD?
Então, por que é que têm sido tão polémicas as SAD? Como as equipas, especialmente as menos mediáticas, têm dificuldades para conseguir ter a verba para formar uma equipa competitiva nas provas profissionais, têm recorrido a investidores externos, com dinheiro, que podem ajudar a dar esse salto. Ou seja, vendem a gestão das equipas principais.
É aqui que há problemas. Os clubes acabam por estar ancorados a quem entrou na SAD e ficam à mercê das suas qualidades, sejam boas ou más.
Uma má relação entre os dois pode levar a um divórcio, como aconteceu no caso do Belenenses. Como o clube cortou laços com a SAD, avançaram com uma equipa principal própria mas sem licença para jogar nos profissional, sendo obrigada a começar na última divisão.
Já a equipa profissionais ficou impedida de usar o emblema e o nome do Belenenses (que é sempre propriedade do clube), passando a chamar-se B SAD e jogando no estádio do Jamor.
Outra cisão que pode acontecer é como no caso do AVS. O dono da SAD chateou-se com o clube, no caso o Vilafranquense, e como tem a licença de futebol profissional, levou a equipa para a Vila das Aves onde, devido aos problemas por resolver do extinto CD Aves, usou um nome meio absurdo.
Conclusão
Fazendo a ponte para as eleições que estão aí à porta, é preciso esclarecer que se vai votar em quem gere o clube, responsável pelo futebol de formação, modalidades e que tem de decidir como será a relação com a SAD, na qual não terá controlo, ainda para mais com a esperada venda da maioria do capital.
A SAD, da equipa que esteve na Primeira Liga ainda há bem pouco tempo, não entra nas contas deste ato eleitoral. Só poderá ser controlada pelo clube e, por consequência, pelos sócios caso houvesse a capacidade financeira para comprar a maioria da sociedade.