No final da temporada 2017/18, despedimo-nos do nosso capitão e jogador há mais tempo de Chaves ao peito do plantel, depois de defender as cores do Desportivo durante quatro épocas.

 

O percurso de João Patrão ao serviço do Chaves começou em 2014 quando chegou ao Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira vindo do Sp. Braga B, onde tinha disputado 36 jogos e marcado 2 golos na II Liga. Apresentado num plantel flaviense renovado e com Luís Norton de Matos ao leme, foi uma das 15 contratações dos Valentes Transmontanos nessa temporada, que subiriam para 18 com as entradas de Ericson, Stephane Madeira e Siaka Bamba em janeiro. Nesse plantel perfilavam nomes como Sagna, Guzzo, Arnold, Luís Pinto, Barry e Miguel Ângelo, sendo que Patrão era um nome mais desconhecido no meio da muita experiência e qualidade que reinava no Desportivo.

 

Apesar de disputar os lugares do meio-campo com Clayton, Bruno Magalhães, Tarcísio, Luciano Teixeira e Raphael Guzzo, Patrão não largou a titularidade durante quase toda a temporada, onde apenas falhou cinco dos 46 jogos do campeonato, além de jogar todos os encontros para a Taça de Portugal e Taça da Liga e nem a mudança técnica por alturas do natal, com a entrada de Carlos Pinto, o médio natural de Esposende perdeu o lugar. A juntar aos muitos jogos de azul-grená, marcou oito golos, mostrando-se como um excelente batedor de livres (como ficou provado contra o Benfica B no Seixal) e foi crucial na luta até ao fim pela subida, que viria a ser perdida, drásticamente, nos últimos segundos da última jornada, .

 

Lambidas as feridas de um final de temporada dramático, Patrão manteve-se em Trás-os-Montes apesar do assédio de clubes da Primeira Liga, que a imprensa dava como destino certo para o médio. Na segunda época de Chaves ao peito, realizou menos jogos mas não é por isso que deixou de ser menos crucial numa época longa, difícil e com alguns percalços, mas sempre a manter a confiança de Vítor Oliveira, o rei das subidas, que levou o Desportivo de Chaves de volta à Primeira Liga 17 anos depois. Em 2015/16, realizou 38 jogos pelos Valentes Transmontanos, 34 para a II Liga e quatro nas Taças. No entanto, apenas marcou um golo nessa temporada e muito por causa da chegada de Braga, já que o experiente médio ficou responsável pelas bolas paradas e “tirou o foco” de Patrão no que toca a golos, sendo o único tento marcado pelo médio sido de grande penalidade nos Açores.

 

Alcançada a subida e perfilando nos ícones dessa temporada para os flavienses, seguiu de azul-grená na temporada de regresso ao topo do futebol português onde encontrou uma concorrência feroz: Battaglia, Braga, Assis e, mais tarde, Pedro Tiba e Bressan tornavam difícil ao médio conseguir a titularidade, mas não foi por isso que deixou de conseguir marcar um golo na Primeira Liga, frente ao Vitória de Guimarães, no Minho, num empate 1-1. Ao todo, participou em 22 jogos mas apenas cumpriu 756 minutos, num plantel onde a qualidade no seu sector era altíssima. De assinalar ainda um marco histórico: no jogo frente ao Sp. Braga (curiosamente, o clube que representou antes de chegar a Chaves), em pleno Municipal, foi homenageado por cumprir o jogo 100 com a camisola do Desportivo, um marco histórico numa altura em que é cada vez mais difícil para o Chaves manter os jogadores nas suas fileiras por muitos anos.

 

Mesmo não jogando tão regularmente, chegou à quarta época de Desportivo de Chaves, perfilando-se não só como o jogador há mais tempo no plantel azul-grená, mas também como capitão de equipa e um dos pilares do balneário flaviense, aproveitando a saída dos líderes Nélson Lenho e Braga para o Aves. Em 2017/18, ainda foi utilizado várias vezes na primeira volta e nas Taças, sendo sempre alternativa a Pedro Tiba e, por alturas do natal, a falta de paciência dos adeptos flavienses para com as exibições de Jefferson levaram a que o nome de Patrão fosse várias vezes gritado nas bancadas do Municipal. Porém, a chegada de Stephen Eustáquio excluiu quase definitivamente o médio de 28 anos das escolhas de Luís Castro, com apenas 64 minutos jogados a partir do final de janeiro.

 

Quatro anos depois da chegada ao Grupo Desportivo de Chaves, João Patrão despede-se do público flaviense como um ícone do regresso dos Valentes Transmontanos ao principal escalão do futebol nacional, com 123 jogos de azul-grená e 10 golos marcados com a camisola do maior clube de Trás-os-Montes. Fica agora um desejo de ver o médio de volta a Trás-os-Montes, seja em que função for, no futuro.

 

Resta dizer: Obrigado por tudo, Patrão!

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