Desportivo de Chaves formação e modalidades

Foto: GD Chaves

 

Finalizada mais uma época e em vésperas de Assembleia Geral, é altura de olhar bem para o Grupo Desportivo de Chaves e aquilo que é preciso fazer, com três pontos vitais que iremos alertar neste texto.

 

Desde uma formação pouco fomentada, uma estrutura rudimentar das camadas jovens ou as quase inexistentes modalidades deixam o clube aquém do seu potencial e com trabalho pela frente para ser o grande farol do desporto transmontano.

 

Vamos, ponto a ponto, mostrar as nossas preocupações e recomendações para fazer deste “O” grande clube de Trás-os-Montes.

 

A formação como base

 

Por um Chaves mais Desportivo
Fonte: GD Chaves

 

A conversa é antiga, mas há uma certeza: desde 2005, com o clube afundado em dívidas, que não há uma aposta no jovem jogador formado no Desportivo de Chaves. Olhando para os clubes à volta, estamos claramente atrás de Rio Ave, Famalicão, Paços Ferreira e até Tondela.

 

Este cenário até podia ter mudado quando se criou a antiga equipa satélite, mas o receio em apostar nos jogadores desse plantel (e os que foram usados deram claros dividendos: Kevin Pina e Batxi) acabou por deitar por terra uma grande oportunidade.

 

Agora com a equipa B, é necessária uma corrente que pense em levar o jogador das escolinhas até aos seniores passando por cada etapa, a pensar em ter atletas confiáveis para o plantel principal ‘made in Chaves’. Não se pode olhar para os garotos apenas como clientes que pagam mensalidades.

 

E há outro facto a ter em conta: se o Chaves não aposta nos jogadores, eles perdem-se. É fácil olhar e dizer que Ruca, Afonso Oliveira, Manu Ribeiro ou, em certa medida, Mika Borges não atingiram o potencial e desapareceram, mas esse é um sintoma da doença. Sem o Chaves ser um farol da formação transmontana, o jovem jogador fica esquecido.

 

Daqui só escapam aqueles que conseguem ir ter sucesso para o SC Braga ou Vitória SC, mas mesmo isso pode não ser suficiente, se a chegada aos seniores não for possível.

 

Se em vez de apostar em flops como Rafael Viegas, Paulinho, Simãozinho ou Hélder Guedes se der tempo a quem vem da formação, certamente não iremos ficar mal servidos. Há que ter confiança em que veste de azul-grená desde tenra idade.

 

Uma Academia do Chaves para transmontanos

 

Por um Chaves mais Desportivo
Fonte: GD Chaves

 

A ideia não é nova, não saiu da nossa cabeça nem poderia ser feita de um dia para o outro. Seria algo pensado para dar frutos daqui a quatro épocas, mas seria certamente exequível: criar uma Academia do Chaves para os jovens da região.

 

A parte difícil até está feita: há dois campos sintéticos que podem ser exclusivos para a formação mais equipa B, além da antiga academia na bancada central, desativada pela calada da noite há alguns anos.

 

Só falta o resto. Um departamento de recrutamento focado na formação, alguém que perceba bem como isto do futebol de formação em Trás-os-Montes funciona (Calina, estás interessado?) e determinação para recolher os melhores jovens que andam no interior transmontano deste país. Ser ultrapassado pelo Abambres, com todo o respeito, é que não pode continuar a acontecer.

 

Esta ideia até foi partilhada por Tony Careca, ex-jogador do Chaves e agora treinador na Roménia.

 

Já sabemos o que vão dizer: então e dinheiro? O clube, sendo aquele com mais sócios de Trás-os-Montes, consegue ter um orçamento maior que os concorrentes. Além disso, seria de todo o interesse da SAD, que até já gere os juniores e juvenis, ter este banco de jogadores de baixo custo prontos a lançar e a dar lucro. Basta haver vontade de aprender com os projetos de futebol que há por Portugal e Espanha.

 

Modalidades: o parente pobre do Desportivo

 

Por um Chaves mais Desportivo
Fonte: GD Chaves

 

As modalidades, esse parente esquecido num Chaves que até tem o nome Desportivo. Os últimos anos têm sido madrastos para o clube, que viu desaparecer o futsal feminino um ano depois de ir à final da Taça de Portugal, o futebol de praia caiu para a distrital por dificuldades em ter jogadores a tempo dos nacionais e só sobreviveu o… Judo.

 

As modalidades são vitais no GD Chaves. Um clube, bastião transmontano, tem de captar a juventude para as suas equipas e formação e não só aqueles que gostam ou têm jeito para futebol.

 

O futsal é uma das modalidades mais vistas neste país. A seleção nacional é uma das melhores do mundo e até o selecionador jogou no Desportivo quando era jovem. Aplaudir os êxitos de Jorge Braz quando não há uma equipa azul-grená a competir numa modalidade tão grande parece uma oportunidade desperdiçada.

 

A falha no desporto feminino também é uma lacuna considerável no Chaves. Desde o fim do futsal e andebol feminino, não há equipas para as transmontanas no maior clube da região. Não era preciso muito, mas representatividade é quase obrigatória.

 

O regresso do futsal feminino, formação de vólei ou andebol e até aparecer finalmente no mundo do futebol feminino é necessário para enriquecer o Desportivo. As modalidades crescem, o desporto feminino idem e o Chaves não pode continuar para trás, ser ultrapassado por qualquer escola de futsal ou equipa, no papel, de menor renome que o nosso.

 

Mais uma vez: o clube é financiado pelos sócios e tem um dever perante os flavienses. Não competir em mais modalidades, mais que um erro crasso, é um castigo para os atletas que veem o Chaves como o clube da terra.

1 thought on “Por um Chaves mais Desportivo

  1. Eu volto a dizer o que venho repetindo vezes sem conta: parece que vivemos numa grande metrópole, que temos muitas dezenas de milhares de habitantes e que somos ricos. Meus amigos, somos uma pequena cidade do interior, ostracizados pelo poder local, pela região administrativa (os senhores que distam 60 de quilómetros de nós na direção sul) e pelo próprio poder local que, ao contrário do saudoso engenheiro Manuel Branco Teixeira, não investe no clube nem nas instalações desportivas como o deveria fazer. Retiraram-nos valências do hospital, fecharam a maternidade, encerraram o posto da polícia judiciária… somos insignificantes, fazem o que querem de nós. Contudo há quem exija o que, se calhar, não é possivel.
    Para finalizar, não é necessário fazer do Desportivo “O” maior clube transmontano, porque o Desportivo é, desde sempre e com larga margem, O MAIOR CLUBE DE TODA ESTA REGIÃO.
    Vamos lá, todos, construir um Desportivo maior. Como dizia John Fitzgerald Kennedy, “Não é hora de perguntar o que o meu país pode fazer por mim, é hora de perguntar o que eu posso fazer pelo meu país”.

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