Dois penáltis mal assinalados, um golo mal anulado, dois jogadores do Chaves expulsos e o sonho europeu a esfumar-se. Foi assim uma tarde desportiva onde o centro das atenções não foi o futebol.
Nós no blogue sempre tentamos afastar-nos de polémicas com arbitragens, não fosse o ambiente do futebol português já estar lotado com esses disparates, mas hoje não podemos contornar a desastrosa exibição do homem do apito que atirou, por si só, o Chaves para um regresso às derrotas e o fim de uma possível qualificação europeia.
Quando o juíz da partida quer ser estrela
Numa partida entre duas equipas com o futebol mais elogiado da Primeira Liga, antecipava-se uma tarde de muita luta, emoção e nervos à flor da pele. No final, acabámos por nos ficar pelos nervos, porque o protagonista acabou por ser Hugo Miguel.
Na primeira parte, o Rio Ave e o Desportivo não fizeram um jogo propriamente espetacular, mas já no final dos primeiros 45 minutos o Chaves chega á vantagem através de Davidson, que fez a recarga após um cabeceamento de William defendido por Cássio. No entanto, Hugo Miguel foi avisado por Luís Ferreira para consultar o VAR e o golo, limpo diga-se de passagem, acabou anulado para preplexidade dos muitos flavienses nas bancadas do Estádio dos Arcos.
Para a segunda parte os nervos já estavam em alta após ninguém perceber o porquê do golo anulado ao extremo brasileiro e piores ficaram quando o árbitro decide assinalar um penálti para os locais aos 65 minutos, num lance em que Maras salta com Guedes para tentar chegar à bola e o juíz de Lisboa decidiu assinalar penálti sem se dar sequer ao trabalho de rever o lance no VAR, expulsando também Perdigão, supostamente por palavras, quando o brasileiro fazia o aquecimento. Na sequência do castigo máximo, Ricardo ainda acertou no lado mas não conseguiu parar o remate de Pelé.
Se os adeptos transmontanos já estavam de cabeça em água perante as decisões sem sentido da equipa de arbitragem, ainda piores ficaram quando Hugo Miguel volta a sacar um penálti sabe-se lá de onde. No lance, Ricardo tenta cortar a bola a Guedes, que se deixa cair 2 metros mais à frente num mergulho óbvio, mas o árbitro lisboeta engoliu o teatro do avançado vilacondense e assinalou penálti, mais uma vez, sem sequer olhar para o VAR. Segundo penálti, segundo golo de Pelé, que desta vez enganou Ricardo.
No tempo de compensação, tempo ainda para Matheus Pereira sacar um coelho da cartola e marcar um grande golo, que acabaria por ser insuficiente para o Desportivo. Já no cair do pano, os jogadores do Chaves pediram penálti na área vilacondense mas, verdade seja dita, parece não haver mão na bola por parte do defesa do Rio Ave.
Após o apito final, os jogadores ficaram completamente de cabeça perdida, rodearam o árbitro Hugo Miguel e Platiny acabou expulso pelo juíz do encontro, elevando para dois os jogadores indisponíveis para o jogo contra o Marítimo.
Antes desta partida dissemos que íamos ter aqui o derradeiro duelo pela luta europeia, um tira-teimas para sabermos se o Chaves é material europeu, mas o árbitro nem deixou que descobríssemos. Já agora, ninguém está a dizer que a derrota é injusta, isso são outros quinhentos, mas a verdade é que houve três lances capitais que mudaram o jogo e os três foram mal ajuizados e nem o VAR serviu de nada.
Vinte e quatro horas depois, os jornais sacodem para o lado a vergonha que se assistiu no estádio dos Arcos, os comentadores não ligam a jogos fora do top3 e a Liga, numa “coincidência” mirabolante, nem coloca a repetição do golo (mal) anulado no resumo do jogo. Parece que o importante desta partida é o quão perto o Rio Ave está de ir à Europa. O resto? O resto não interessa.
Ainda hoje, e especialmente hoje que vamos enfrentar de novo o Rio Ave, dá uma grande revolta rever as imagens.