Quem diria que um dos melhores guarda-redes a defender a baliza do Desportivo de Chaves tivesse apenas 1,76 metros? Rui Rego é a prova que os guardiões não se medem aos palmos. Eis a história do pequeno gigante.
Rego no Chaves… Um ano depois
A chegada a Trás-os-Montes aconteceu em 2007, mas até podia ter sido mais cedo. No verão de 2006, o treinador António Caldas quis trazê-lo para o Desportivo, conhecendo-o dos tempos do Braga B. Porém, Rui Rego tinha contrato amador com o Lixa e a lei não permitia que fosse inscrito, ficando a assinatura adiada uma época.
As voltas trocaram-se para o guarda-redes, que viu o Chaves descer de divisão, pelo que não deu o salto para a Segunda Liga. Para a II Divisão B, nem era esperado que fosse titular.
No Desportivo, saíram os três guardiões da época anterior (Riça, Castro e Razak) e entrou outro trio: Miguel, experiente jogador que passou pelo Vitória SC, o angolano ex-Boavista Laurentino e Rui Rego, vindo do Lixa.
Costuma-se dizer que o azar de uns é a sorte de outros. Miguel lesionou-se e deixou uma vaga na baliza, aproveitada da melhor forma por Rego, que não mais largou as redes azul-grená.
Titularidade assegurada no caminho para a glória
No alto do seu metro e 76 centímetros, foi peça-chave nessa época, tendo até defrontado o FC Porto, para a Taça de Portugal, onde só Hélder Postiga e Adriano conseguiram bater o enérgico guardião. Mas a subida, essa, ficou pelo caminho numa derrota polémica por 1-0 com o Ribeirão.
Nada a temer. Um ano depois, nova temporada estrondosa de Rêgo que atirou o Chaves diretamente para o regresso à Segunda Liga, sob o comando de Leonardo Jardim. Pelo meio, foi a vez de defrontar o Braga, clube onde se formou, na prova-rainha, só sofrendo num penálti discutível que resolveu o jogo (1-0).
Chegamos a 2009/2010, uma época de altos e baixos. Na baliza, sempre o mesmo: Rui Rego. Mas nem a qualidade do guarda-redes salvaram o Desportivo da descida, arrumada na última jornada em casa. Mas essa é a desilusão, porque o orgulho ficou noutra prova, outra vez ela: a Taça de Portugal.
O pequeno gigante… No Jamor
Num percurso fantástico e mesmo com três treinadores diferentes (Ricardo Formosinho, Nuno Pinto e Tulipa), o Chaves foi avançando na prova-rainha: primeiro foi o Amares, depois o Leça, União da Serra e Beira-Mar, do ex-mestre Leonardo Jardim. Depois vieram os gigantes Paços Ferreira, Naval (em duas mãos espetaculares) até chegar à final do Jamor.
No estádio Nacional, no último jogo da época, as bancadas encheram para a final improvável: GD Chaves vs FC Porto. Na baliza, sempre o mesmo. Rui Rego, para o maior jogo da carreira do guarda-redes.
Frente a colossos como Hulk, Falcao ou Raúl Meireles, foi o colombiano Freddy Guarín a bater Rego pela primeira vez, um golo difícil, em remate cruzado, mas em que podia ter feito melhor. Redimiu-se de seguida, ao parar um frente-a-frente com Hulk. Depois, o brasileiro combinou com o letal Falcao, que fez o 2-0.
O gigante foi parando o que podia, ainda viu Clemente a reduzir a desvantagem, mas não se evitou a derrota. O troféu foi para os portistas e Rego acabou por sair para o Beira-Mar, para reencontrar-se com Jardim na Primeira Liga.
Fez cinco épocas em Aveiro, passou pelo Vilaverdense e Merelinense até se retirar aos 40 anos. Para a história ficam as três épocas em que brilhou nos Valentes Transmontanos, ainda hoje recordadas pelos flavienses.
PERFIL DE RUI REGO
Nome: Rui Manuel Castanheira do Rego
Data de nascimento: 5-7-1980
Naturalidade: Mujães (Viana do Castelo), Portugal
Posição: Guarda-redes
Clubes na carreira: SC Braga (1998/99 a 2002/03), Marco (2003/04), Valenciano (2004/05), Torre Moncorvo (2005/06), Lixa (2006/07), GD Chaves (2007/08 a 2009/10), Beira-Mar (2010/11 a 2014/15), Vilaverdense (2015/16), Merelinense (2016/17 a 2020/21).