Fonte: Chaves Antiga

 

Fronteira fechada, polícia nas ruas, a bandeira espanhola hasteada e uma semana “de terror” em Chaves. Tudo um ano antes da revolução do 25 de abril. Entramos na máquina do tempo até à revolta em Trás-os-Montes em plena ditadura… e tudo por causa do Desportivo.

 

Recuamos até à época 1972/1973 para conhecermos o “Caso Lourosa”, uma história de revolta e, por um lado, de amor a um emblema. O GD Chaves jogava na III Divisão, vivendo um longo calvário de 12 anos sem conseguir a subida.

 

Um dos onzes do GD Chaves em 1972/1973: Em cima, Duque, Zé Albano, Malano, Albino, Alcino e Eduardo; em baixo, Lisboa, Guedes, Óscar, Rendeiro e Cruz. Fonte: Chaves Antiga

 

A época foi de alto nível, liderados por lendas como Branco ou Rendeiro e sob orientação primeiro de Lisboa, depois de Oliveirinha. O Desportivo acabou no segundo lugar do grupo 1 a apenas dois pontos do líder Lusitânia Lourosa (e como um dos melhores segundos classificados), mas viu a Federação travar a subida dos flavienses, sedentos por voltar à II Divisão.

 

Assim começou a revolta em Trás-os-Montes. Os comerciantes entraram em greve, os símbolos nacionais foram queimados na cidade a fronteira tomada de assalto pela população, num grito de revolta contra o poder na capital, entregue ao Estado Novo. Em resposta, a polícia saiu à rua, tal como o povo, com as ruas cheias de gente. Até o governador civil espanhol terá sido impedido de chegar a Espanha. Nas palavras de António Borges, histórico capitão do GD Chaves, “viveu-se uma semana de terror”, dito numa entrevista à Sport TV.

 

Fonte: Chaves Antiga

 

A batalha também seguiu para a secretaria, onde o Desportivo contestou a não subida. Uma longa e dura troca de argumentos com a FPF, que terminaria com uma decisão: a II Divisão seria alargada de 16 para 20 equipas e o Desportivo podia festejar o tão adiado sonho da promoção. A fotografia que encabeça este texto é desses mesmos festejos, no histórico camião descapotável ‘studebaker’ dos Bombeiros Voluntários de Salvação Pública de Chaves.

 

É com este episódio que marcamos os 50 anos do 25 de Abril. Um Abril sempre com caixa alta, por devolver aos portugueses o controlo sobre o próprio destino. Que venham daí mais cinco décadas, sempre em liberdade.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

P