Os anos 80 do futebol português foram um pináculo para o futebol do Desportivo de Chaves. Além da subida à Primeira Liga e qualificação para as competições europeias, grandes jogadores passaram pelos Valentes Transmontanos: Radi, Jorge Plácido, Manuel Correia, Padrão, Fonseca ou Diamantino Braz, mas um dos maiores foi Georgi Slavkov – o Bota de Ouro – que encantou no relvado do Municipal de Chaves.
Slavkov era um nome incontornável do futebol búlgaro e, tal como Radi, chegou com estampa de craque e como internacional da poderosa seleção do leste europeu.
Começou a carreira no Botev Plovdiv – então chamado Trakia Plovdiv – e foi ao serviço do emblema negro e amarelo que o atacante ganhou notoriedade: em sete épocas em Plovdiv, Slavkov marcou 61 golos em 112 jogos, o que culminou com a conquista da Bota de Ouro, distinção para o melhor marcador dos campeonatos da Europa, em 1980/81 após uns impressionantes 31 golos na Primeira Divisão búlgara.
Uma época depois da conquista, Slavkov assinou pelo histórico CSKA Sófia e ficou na capital búlgara durante quatro temporadas, onde ganhou um campeonato búlgaro, duas Taças da Bulgária e chegou à segunda ronda da Taça UEFA, além de marcar 43 golos em 92 partidas com a camisola vermelha.
Mas o avançado já se aproximava dos 30 anos e as autoridades locais deram permissão para Slavkov jogar fora da “Cortina de Ferro”, assinando pelos franceses do Saint-Étienne, mas depois de uma época em França, o atacante mudou de ares, para um destino improvável: Trás-os-Montes.
No Desportivo de Chaves, Giorgi Slavkov encontrou um conjunto azul-grená a viver o melhor momento da história, com um sexto e um quinto lugar nas duas primeiras épocas na I Divisão e jogava agora na Taça UEFA pela primeira e única vez.
Num plantel cheio de lendas, apareceu uma conexão especial entre o atacante e o compatriota Radi, com os dois a formarem uma dupla temível. Apesar do histórico goleador, Slavkov não ficou marcado na história do Chaves pelos muitos golos marcados – apenas 16 em 93 partidas – mas pelo que ofereceu ao ataque flaviense e, principalmente, ao companheiro búlgaro.
Com Slavkov na equipa, Radi marcou 34 golos em apenas duas temporadas e “saltou” para o topo da lista de maiores goleadores com a camisola azul-grená. Mas a qualidade que Slavkov oferecia ao jogo ofensivo do Desportivo foi além de Radi e, até, do técnico Raúl Águas.
O antigo internacional búlgaro fez uma dupla também temível com o jugoslavo Rudi, que marcou 29 golos com a camisola flaviense. Mas o tempo de Slavkov chegou ao fim em 1991/92, onde depois de quatro partidas no início da temporada, voltou para a Bulgária para mais uma época no Botev Plovdiv, até pendurar as botas.
A antiga glória flaviense regressou a Chaves em 2012, como tantas outras lendas dos dourados anos 80, num último momento de confraternização entre os jogadores e equipa técnica que deram aos adeptos transmontanos algumas das maiores alegrias da história do Desportivo.
Tragicamente, Giorgi Slavkov faleceu em 2014, vítima de um ataque cardíaco e deixou em luto o futebol flaviense e búlgaro com a perda de um dos melhores jogadores a passar pelo relvado do Municipal de Chaves.
PERFIL DO JOGADOR
Nome: Georgi Slavkov
Data de nascimento: 11-09-1958
Naturalidade: Blagoevgrad, Bulgária
Posição: Avançado
Clubes na carreira: Botev Plovdiv (1976/1977 a 1978/1979), CSKA Sófia (1979/1980), Botev Plovdiv (1979/1980 a 1981/1982), CSKA Sófia (1982/1983 a 1984/1985), CFKA Sredets (1985/1986), Saint-Étienne (1986/1987), GD Chaves (1987/1988 a 1991/1992), Botev Plovdiv (1992/1993)
Sem dúvida um dos melhores jogadores que passou pelo GDC e seguramente um dos melhores de sempre em bolas paradas simplesmente genial!