Em contraste com as restantes equipas da formação flaviense, o destino já há muito antecipado para os juniores aconteceu: a descida à II Divisão Nacional. Mas o que levou a um desempenho tão paupérrimo em comparação com o ano passado do último escalão das camadas jovens?

 

Acabou uma época penosa para quem acompanha o futebol dos juniores do Chaves, com o conjunto azul-grená a ficar no último lugar da zona norte da I Divisão e conseguindo o segundo pior histórico dos últimos 12 anos, apenas ultrapassado pelos 9 pontos em 28 jogos da época 2005/06. Após três treinadores e apenas quatro vitórias em toda a época, os sub-19 caíram à II Divisão nacional.

 

Estrangeiro não é sinónimo de qualidade

 

Abrimos com a construção do plantel dos juniores flavienses, que de flavienses têm pouco infelizmente. A maioria dos jogadores foram contratados a equipas de fora, os juniores de 1° ano relegados para a equipa B e os estrangeiros de qualidade duvidosa apetrecharam o último escalão de formacão do Desportivo.

 

À partida para esta temporada já sabia de algumas dificuldades já que a maioria dos jogadores importantes da época passada passaram a seniores na equipa B e da equipa juvenil a qualidade não era a melhor, tendo em conta os péssimos resultados conseguidos em 2016/17. Mas acabou por ser um falhanço enorme a política de contratações, com apenas um par de jogadores a parecer ter um mínimo de qualidade para seguir para a equipa B, nomeadamente Manuel Pami (chegado do Vit. Guimarães) e Eduardo Marinho (de longe o melhor jogador da equipa).

 

De resto, foi-se buscar os despojos da AD Flaviense (que se ficaram pela equipa B na sua maioria) e jogadores ao estrangeiro como já não se via há alguns anos. Vieram jogadores do Brasil, França, Nigéria, Gana, Colômbia e sabe-se lá mais de onde mas poucos, muito poucos, mostraram ter estaleca para representar o Chaves.

 

Santos da casa não fizeram milagres

 

A instabilidade técnica também foi uma marca desta época decepcionante dos juniores, com três treinadores a comandar a equipa, dois deles flavienses e ex-atletas do Desportivo.

 

Começou Ricardo Chaves, um dos melhores jogadores flavienses dos últimos anos, que só conseguiu uma vitória até ser dispensado à 10ª jornada. Após conseguir manter o Mirandela no CPP na época transacta, a chegada aos juniores do Desportivo esperava-se muito mais positiva mas as várias derrotas consecutivas e o último lugar com quase o dobro das derrotas que todos os concorrentes fizeram com que este desfecho fosse inevitável.

 

Seguiu-se Vítor Gamito, antigo guarda-redes do Chaves que também veio dos seniores de uma equipa transmontana, desta feita o Vilar de Perdizes. Mas, apesar do bom currículo à frente dos Guerreiros da Raia que alcançaram o 3º lugar da distrital da AF Vila Real em 2017, Gamito não conseguiu fazer “omeletes sem ovos” nesta equipa parca de talento e acabou por sair já em Fevereiro, onde apenas conseguiu três empates em 12 jogos, somando os mesmos pontos que o antecessor.

 

Por fim, chegou Nuno Barbosa, antigo adjunto do Chaves na era João Eusébio e que veio, adivinharam, do futebol sénior onde orientou Mirandela e Pedras Salgadas nas últimas duas temporadas do CPP. Já a disputar a fase de manutenção, jovem técnico de 37 anos acabou mesmo por ser o treinador com mais sucesso esta temporada, conseguindo a proeza de ganhar mais de um jogo pelo Chaves, com triunfos sobre Aves (vitória fantástica por 4-1), Cesarense (1-0), Gil Vicente (1-0) e P. Ferreira (3-2), conseguindo também cinco empates que deram a esta equipa de juniores uns estonteantes 20 pontos na fase de manutenção, mas que redundou à mesma na descida de divisão no penúltimo lugar e a larga distância dos restantes oponentes.

 

Procurar o positivo no meio da desgraça

 

Na próxima temporada, os jogadores que forem promovidos dos juvenis e da equipa B de juniores terão pela frente a II Divisão Nacional de sub-19, competição que o Desportivo foi vice-campeão em 2016. Apesar da adversividade da descida, há que tentar olhar para o copo meio cheio e tentar, graças a alguma ginástica mental, ver o “lado bom” de tamanho desastre desportivo e que se resumo, basicamente, ao choque mais leve que o campeões distritais de juvenis sofrerão ao disputar partidas do nacional de um escalão superior.

 

Esta época, a equipa juvenis do Desp. Chaves conseguiu o feito fantástico de alcançar o título de campeão distrital da AF Vila Real, numa temporada em que os jovens atletas ficaram, certamente, mal habituados: em 25 jogos, conseguiram 25 vitórias, conseguiram a proeza de estar toda uma temporada a ganhar todos os jogos e, com isso, trouxeram o título de campeão e a taça da AFVR para Chaves, num contexto em que a competitividade era bastante inferior à que irão enfrentar na II Divisão de juniores.

 

Assim, apesar da desapontante queda nos juniores, haverá espaço para os ex-juvenis adaptarem-se a um campeonato nacional extremamente exigente, conseguirem melhorar as suas capacidades ao, finalmente, deixarem de estar na última bolacha do pacote no que toca a clubes de formação e conseguirão uma experiência certamente enriquecedora que os deixará melhor preparados para subir à I Divisão de juniores no curto-prazo e, posteriormente, enfrentar o futebol senior ao serviço da equipa B do Chaves.

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