Fonte: Joana Serra

Fonte: Joana Serra

 

Paredes meias com o Forte S. Neutel e com vista para a serra, o estádio Municipal é o quartel-general dos Valentes Transmontanos desde sempre, com uma história que vai além do nascimento do Desportivo de Chaves.

 

O maior estádio de Trás-os-Montes nasceu como um “mero” campo pelado, construído em 1924. O Municipal era onde jogava o Atlético Flaviense, filial do Belenenses e rival do Flávia SC, que jogava perto da Casa dos Montes.

 

Casa do Atlético passa para o Desportivo

 

Estádio Municipal de Chaves em 1925, num jogo do Sporting Clube de Chaves Fonte: Humberto Serra

 

Com a fusão dos dois clubes, nasceu o Grupo Desportivo de Chaves em 1949 e o estádio Municipal passou a ser o principal palco do futebol na cidade. Um estádio que cresceu juntamente com o conjunto azul-grená. Nasceram bancadas, apareceu uma cobertura rudimentar na central e o pelado deu lugar a um relvado para os campeonatos nacionais.

 

Já com luz artificial, o Municipal teve capacidade para 20 mil espetadores quando o clube chegou à I Divisão. Mas o recorde de assistência vai além dessa lotação: em 1985/86, época de estreia no topo do futebol português, 25 mil pessoas encheram as bancadas, a pista de atletismo e só pararam em cima da linha de jogo.

 

Subida à I Divisão e a maior assistência de sempre

 

25 mil pessoas lotaram o estádio no GD Chaves-Benfica em 1985/86

 

Com o Desportivo de Chaves a viver anos dourados, no Municipal os adeptos flavienses viram jogos da Taça UEFA, vitórias históricas do conjunto azul-grená contra as maiores equipas do país e um estádio a crescer, com uma cobertura definitiva na central e cadeiras individuais.

 

O Sporting foi o campeão nacional mais fustigado pelas viagens para lá do Marão: por cinco vezes o GD Chaves venceu os lisboetas e garantiu oito empates, com apenas cinco derrotas aos pés da equipa verde-e-branca.

 

Estádio Municipal durante um jogo da I Divisão

 

Mas também Benfica e FC Porto saíram derrotados de Trás-os-Montes. Por três vezes o Desportivo levou a melhor sobre os lisboetas, com o maior triunfo a ser por 3-1 em 1996/1997. Já os portistas foram derrotados em 1988/1989 por 2-0 e foram ainda eliminados da Taça de Portugal em 2016/2017, num desempate nos penáltis.

 

Fica também um sublinhado histórico: Em agosto de 2003, na última vez que a Seleção Nacional jogou em Trás-os-Montes, um tal Cristiano Ronaldo estreou-se por Portugal. Entretanto, ganhou o nome do Eng.º Manuel Branco Teixeira, autarca flaviense na primeira subida do Chaves à Primeira.

 

Descida, travessia do deserto e estádio a definhar

 

Estádio Municipal e os campos de treino em meados dos anos 2000

 

Com a descida à Segunda Liga em 1999, o estádio foi perdendo a cor. As cadeiras ficaram gastas, o topo norte ficou inutilizado e os balneários a roçar o obsoleto. O campo de treinos, relvado, ficou desgastado e o Maracanãzinho (pelado no topo norte) e o ringue de futsal ficaram abandonados.

 

Só no regresso à Primeira Liga em 2016/2017 se viram novas reformas no Municipal.

 

Estádio Municipal de “cara lavada”

 

Começou com a renovação do topo norte, novos balneários e a torre de televisão junto à descoberta. Nasceu uma loja do clube e foi construída uma nova bancada no topo sul, uma obra que permitiu que, pela primeira vez, duas bancadas tivessem cobertura e a lotação fixou-se nos 8400 espetadores.

 

Estádio Municipal atual, com nova bancada no topo sul Fonte: GD Chaves

 

Com a cara lavada, houve obras que ficaram por fazer. A negligenciada pista de atletismo desapareceu, a cobertura da central descoberta ficou na gaveta e um eventual novo topo norte é, para já, uma miragem.

 

O estádio vai crescendo, de mãos dados com o Desportivo de Chaves, sendo a eterna casa do futebol flaviense e onde várias gerações de adeptos azul-grená viram os Valentes Transmontanos a brilhar.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

P