Paredes meias com o Forte S. Neutel e com vista para a serra, o estádio Municipal é o quartel-general dos Valentes Transmontanos desde sempre, com uma história que vai além do nascimento do Desportivo de Chaves.
O maior estádio de Trás-os-Montes nasceu como um “mero” campo pelado, construído em 1924. O Municipal era onde jogava o Atlético Flaviense, filial do Belenenses e rival do Flávia SC, que jogava perto da Casa dos Montes.
Casa do Atlético passa para o Desportivo
Com a fusão dos dois clubes, nasceu o Grupo Desportivo de Chaves em 1949 e o estádio Municipal passou a ser o principal palco do futebol na cidade. Um estádio que cresceu juntamente com o conjunto azul-grená. Nasceram bancadas, apareceu uma cobertura rudimentar na central e o pelado deu lugar a um relvado para os campeonatos nacionais.
Já com luz artificial, o Municipal teve capacidade para 20 mil espetadores quando o clube chegou à I Divisão. Mas o recorde de assistência vai além dessa lotação: em 1985/86, época de estreia no topo do futebol português, 25 mil pessoas encheram as bancadas, a pista de atletismo e só pararam em cima da linha de jogo.
Subida à I Divisão e a maior assistência de sempre
Com o Desportivo de Chaves a viver anos dourados, no Municipal os adeptos flavienses viram jogos da Taça UEFA, vitórias históricas do conjunto azul-grená contra as maiores equipas do país e um estádio a crescer, com uma cobertura definitiva na central e cadeiras individuais.
O Sporting foi o campeão nacional mais fustigado pelas viagens para lá do Marão: por cinco vezes o GD Chaves venceu os lisboetas e garantiu oito empates, com apenas cinco derrotas aos pés da equipa verde-e-branca.
Mas também Benfica e FC Porto saíram derrotados de Trás-os-Montes. Por três vezes o Desportivo levou a melhor sobre os lisboetas, com o maior triunfo a ser por 3-1 em 1996/1997. Já os portistas foram derrotados em 1988/1989 por 2-0 e foram ainda eliminados da Taça de Portugal em 2016/2017, num desempate nos penáltis.
Fica também um sublinhado histórico: Em agosto de 2003, na última vez que a Seleção Nacional jogou em Trás-os-Montes, um tal Cristiano Ronaldo estreou-se por Portugal. Entretanto, ganhou o nome do Eng.º Manuel Branco Teixeira, autarca flaviense na primeira subida do Chaves à Primeira.
Descida, travessia do deserto e estádio a definhar
Com a descida à Segunda Liga em 1999, o estádio foi perdendo a cor. As cadeiras ficaram gastas, o topo norte ficou inutilizado e os balneários a roçar o obsoleto. O campo de treinos, relvado, ficou desgastado e o Maracanãzinho (pelado no topo norte) e o ringue de futsal ficaram abandonados.
Só no regresso à Primeira Liga em 2016/2017 se viram novas reformas no Municipal.
Estádio Municipal de “cara lavada”
Começou com a renovação do topo norte, novos balneários e a torre de televisão junto à descoberta. Nasceu uma loja do clube e foi construída uma nova bancada no topo sul, uma obra que permitiu que, pela primeira vez, duas bancadas tivessem cobertura e a lotação fixou-se nos 8400 espetadores.
Com a cara lavada, houve obras que ficaram por fazer. A negligenciada pista de atletismo desapareceu, a cobertura da central descoberta ficou na gaveta e um eventual novo topo norte é, para já, uma miragem.
O estádio vai crescendo, de mãos dados com o Desportivo de Chaves, sendo a eterna casa do futebol flaviense e onde várias gerações de adeptos azul-grená viram os Valentes Transmontanos a brilhar.