Foto: José Ponteira

Há mais de 25 anos que o Desportivo não tinha um desempenho tão pobre na Primeira Liga, com os exemplos do passado a darem sempre em despromoção.

 

A primeira volta desastrosa que o Desportivo de Chaves está a viver neste regresso de Daniel Ramos a Trás-os-Montes está perto de ser histórica pelos piores motivos. Depois da temporada com mais pontos de sempre, o conjunto azul-grená está com o pior registo de pontos à 12ª jornada desde 1992/93, temporada em que os Valentes Transmontanos desceram à II Liga pela primeira vez.

 

O Chaves vai com seis derrotas consecutivas e está a apenas uma derrota de bater o recorde de desaires consecutivos, as sete sofridas em 1998/99, época que levou à descida de divisão e a um interregno de 17 anos fora do topo do futebol português. Um registo de derrotas tão mau numa altura tão prematura da temporada resultou sempre em lugar de descida no final da época, com 1992/93, 1997/98, e 1998/99 a serem as únicas temporadas na Primeira Liga que o Desportivo esteve tão mal, conseguindo apenas a manutenção em 1998, por motivos administrativos.

 

Em 1992/93, ano da primeira descida da Primeira Liga, o Desportivo chegou à 12ª jornada com apenas uma vitória e dois empates, além de ter chegado por duas vezes em toda a temporada às seis derrotas consecutivas. Nessa fatídica temporada sob o comando de Henrique Calisto, a equipa ainda foi obrigada a jogar todos os jogos em casa a partir da 13ª jornada em Bragança por interdição do Municipal, após uma derrota por 0-1 contra o Boavista.

 

Mas os leitores agora dizer: “Meus caros, muitos anos passaram desde os anos 90”. Pois, mas se contarmos todas as competições desde então, seja na II Liga ou na II B, só por uma vez o Desportivo esteve pior que esta temporada. Foi em 2006/07, na II Liga, em que o Chaves chegou à 12ª jornada com apenas uma vitória e três empates, num ano em que os transmontanos desceram com uns patéticos 16 pontos, três treinadores diferentes, um plantel aos papéis e resultados desastrosos, ficando atrás de um estreante nos campeonatos profissionais Olivais e Moscavide.

 

Por outro lado, na Primeira Liga só o Tondela em 2016/17 conseguiu sair de tão maus lençóis com a manutenção no principal escalão do futebol português. Em toda a história da I Divisão, os tondelenses conseguiram passar de cinco pontos em 12 jornadas para alcançarem os 30 que lhes permitiu a continuidade entre os grandes. Já na manutenção de 2016/17, o começou do Tondela não foi tão mau como o do Desportivo, já que os beirões chegaram à 12ª jornada com nove pontos, mais dois que o Chaves, numa época em que cada pontinho valeu para a continuidade na Liga.

 

A estatística e a história não está do lado flaviense, que precisa de dar litro para sair da situação em que está atualmente. Os três pontos que distanciam o Desportivo da linha de água são alcançáveis se a equipa conseguir dar a volta por cima nas próximas jornadas, mas não há mais tempo a perder. O fosso não pode ficar maior daqui para a frente.

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