Sabou, ao centro, com o compatriota Cuc e o bósnio Milinkovic

 

Era uma tarde de outono no Municipal. Os adeptos do GD Chaves esperavam uma resposta aos três jogos sem ganhar. Aos 21 minutos, um talentoso jogador, com sotaque de leste mesclado com o castelhano, atira para o 1-0 e deixa os flavienses em festa. Perto do intervalo repetiu a dose, marcou mais um golo e abriu caminho para uma goleada por 5-2 frente ao SC Braga.

 

Falamos de Marcel Sabou, o extremo romeno que vestiu de azul-grená durante duas temporadas. Tinha chegado nesse verão de 1996 a Trás-os-Montes. Aos 30 anos, trazia muita experiência vinda do futebol espanhol, onde chegou de forma… Ilegal.

 

A história aconteceu numa altura em que era proibido emigrar para fora da Roménia comunista: A jogar no Dínamo Bucareste, Sabou viajou até Madrid para um torneio amigável, mas fugiu do hotel com um colega e foi para a Alemanha. No entanto, foram apanhados e recambiados para Espanha, onde um polícia os apresentou a representantes do Rayo Vallecano e acabaram por ficar no país.

 

Aí, o romeno chegou à equipa B do gigante Real Madrid, seguindo-se Tenerife, Racing Santander e Gijón até chegar ao Desportivo de Chaves.

 

Em Portugal fez uma dupla de peso na ala esquerda com Tito e a primeira época foi extraordinária, com oito golos (um deles ao FC Porto) e uma assistência sob orientação de José Romão. No último ano os números foram mais modestos: dois golos em 29 jogos.

 

Marcel Sabou acabou a carreira depois dessas duas temporadas no Municipal. Em 2013 veio o dramático diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica, uma doença degenerativa incurável que vai apagando as capacidades motoras. O filho, Mario, criou uma associação para ajudar quem sofre da doença.

 

Para os adeptos do Chaves ficam as memórias do jogador romeno, a quem desejamos o melhor.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

P