Eusébio com a camisola do Desportivo de Chaves

Fonte: Sábado

 

Estávamos em 1977. O Desportivo de Chaves procura subir pela primeira vez à I Divisão e tenta montar a melhor equipa. Aí surge uma ideia inusitada: contratar Eusébio.

 

Na altura, o Pantera Negra já estava na fase final da cerreira. Fazia jogos festivos e digressões para juntar algum dinheiro para quando se retirasse. O joelho estava estourado pelas lesões. “Não tinha rótulo, só um buraco”, disse o histórico massagista do Chaves Albano.

 

Eusébio, segundo a contar da direita, no jogo do GD Chaves com o SC Braga
Eusébio, segundo a contar da direita, no jogo do GD Chaves com o SC Braga

 

O emblemático dirigente José Areias usa os contactos com o Benfica e com o próprio Eusébio para convidar a estrela para um jogo, por ocasião da feira dos Santos. A oferta é cativante: 20 contos para defrontar o SC Braga, numa altura em que os jogadores do Chaves recebiam três a cinco contos.

 

“Foi um jogo de festa. Não houve entradas duras, ninguém se aleijou. Foi uma alegria jogar com o Eusébio. Já o tínhamos visto na televisão, mas ao vivo era outra coisa”, diz Malaias, jogador do Chaves na altura, em entrevista à revista Sábado em 2018.

 

Recorte de jornal sobre a visita de Eusébio a Chaves
Recorte de jornal sobre a visita de Eusébio a Chaves

 

O presidente do GD Chaves, o capitão Carlos Duarte, ofereceu uma salva de prata a simbolizar o momento. Já Eusébio permitiu encher o Municipal como nunca, tal como os cofres flavienses, com uma receita recorde de 240 contos. O jogo terminou com derrota flaviense por 2-0, mas todos admiraram a magia de Eusébio, que não conseguiu fazer os 90 minutos.

 

O jogo animou as gentes de Chaves e deu espaço a negociações entre Desportivo e Eusébio, mas as exigências de 15 contos por jogo e deslocações e estadias pagas foram demasiadas: “Ele gostava de ficar, mas era impossível pagar a verba pedida. Ter o Eusébio era importante para subir à I Divisão, mas não dava. Vivíamos dos sócios e de algum dinheiro da Câmara. Havia poucos empresários, a cidade era pequena”, lamenta Malaias.

 

Fica para a história o dia em que Eusébio jogou com a camisola azul-grená. A lenda do futebol tinha chegado dos Estados Unidos e acabou por rumar ao União Tomar, mas deixou marca nos adeptos do GD Chaves.

 

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