De cabeleira farta, fita na cabeça, sotaque açoriano cerrado e golos, muitos golos nos pés. É assim que Clemente se apresenta aos adeptos do GD Chaves em janeiro de 2008, recém-chegado ao Municipal proveniente do Gondomar e com a promessa de pontaria afinada de camisola azul-grená. No entanto, logo nas primeiras palavras, o ponta-de-lança de 24 anos dá uma valente calinada: «Já me sinto um verdadeiro ribatejano», palavras que valeram essa mesma alcunha ao avançado.
Mas Clemente redimiu-se em campo: frente ao Lixa, o açoriano marcou os primeiros dois golos pelo Desportivo de Chaves numa vitória por 3-0 dos comandados de António Borges. Os primeiros de muitos que aí vinham de azul-grená.
Em meia época, esteve a “cheirar” os dez golos pelo GD Chaves, numa época que acabou com Leonardo Jardim ao comando e a subida a escapar entre os dedos dos flavienses. Melhor sorte vinha na época seguinte, ainda na II Diivsão B: barreira dos dez golos ultrapassada, uma veia goleadora ao nível de Arrieta ou Cássio e uns incríveis 21 golos em apenas época e meia no Municipal.
Remates certeiros que empurraram os Valentes Transmontanos para o regresso à Segunda Liga e com o avançado açoriano a ser uma das figuras de destaque: ultrapassou Karoglan, David ou Jorge Silva na lista de melhores marcadores da história azul-grená.
Seguiu de Chaves ao peito para os campeonatos profissionais, numa época atípica para o Desportivo, com três treinadores (Ricardo Formosinho, Nuno Pinto e Tulipa), uma inesperada descida de divisão e a histórica ida à final da Taça de Portugal. No Jamor, Clemente entrou aos 80 minutos e foi a tempo de marcar o único golo dos flavienses, que acabaram por perder 2-1. Foi o último de sete golos marcados nessa época pelo avançado, que deixou o Depsortivo na época seguinte.
Mas ainda havia mais um capítulo na história goleadora de Clemente nos Valentes Transmontanos: regressou em 2013/2014, com o GD Chaves na Segunda Liga e voltou a responder com golos, desta feita cinco em 23 jogos. Porém, a aventura acabou mais cedo que o esperado e o avançado acabou a época na outra ponta da N2, ao serviço do SC Farense.
Terminou a carreira em “casa” com a camisola do Santa Clara, mas continua a ser recordado em Trás-os-Montes. Em 2019/2020, foi homenageado pelo GD Chaves antes de um jogo com os açorianos. Uma amostra da gratidão que os adeptos flavienses têm pelo açoriano mais transmontano que existe.
PERFIL DO JOGADOR
Nome: Paulo Clemente Ventura Raimundo
Data de nascimento: 14-10-1983
Naturalidade: Ponta Delgada
Posição: Avançado
Clubes na carreira: Operário Lagoa (2001/2002 a 2004/2005), Louletano (2005/2006 e 2006/2007), Gondomar SC (2007/2008), GD Chaves (2007/2008 a 2009/2010; 2013/2014), UD Oliveirense (2010/2011 a 2011/2012), FC Arouca (2012/2013), SC Farense (2013/2014), Santa Clara (2014/2015 a 2018/2019)