
Continua difícil para o Desportivo fazer boa figura contra os crónicos candidatos ao título. No regresso aos jogos grandes no Municipal, o Chaves saiu vergado a uma pesada derrota por quatro golos sem resposta.
Foi difícil de digerir mais uma derrota pesada contra um adversário superior. A margem de manobra que o Desportivo pode dar é mínima, sendo que pode ir tudo por água abaixo ao menor erro.
Filme do Jogo
A partida começou dividida, mas com o Porto a ter a primeira palavra com um remate de fora da área, defendido de maneira exemplar por António Filipe. Logo a seguir veio a polémica após Djavan entrar na área portista e ser parado pelo braço de Maxi Pereira, que atingiu o brasileiro na cara. Nada assinalado e a bola continuou a rolar. Após um primeiro susto de Soares aos 11 minutos, o avançado visitante colocou os portistas em vantagem: recuperação de bola no meio-campo, Sérgio Oliveira descobre Soares a desmarcar-se e o ponta-de-lança abriu o marcador.
O Desportivo não baixou os braços e foi à procura da resposta e esteve perto de restabelecer a igualdade aos 21 minutos, mas o remate de fora da área de Matheus Pereira foi muito bem respondido pelo guarda-redes contrário. No entanto, ainda antes da meia hora o Porto enalteceu a vantagem, mais uma vez por Soares, que apareceu livre de marcação no meio da área flaviense. Após o segundo golo, o conjunto azul-grená teve grandes dificuldades em voltar ao jogo e esteve mesmo perto de sofrer o terceiro aos 31 minutos, com Soares a dar a bola para um companheiro que, de baliza aberta, viu o seu remate esbarrar no gigante Nikola Maras.
Ainda antes do intervalo, o Desp. Chaves esteve perto de voltar à partida. Excelente jogada individual de Matheus Pereira, a meter a bola à entrada da pequena área, mas Davidson estava demasiado pressionado pelo defesa adversário e não conseguiu desviar para a baliza. O descanso chegou, então, com vantagem azul e branca.
Na segunda parte, uma carambola dilatou a vantagem visitante. Muita passividade defensiva, Marega com espaço para fazer um remate enrolado e António Filipe a ficar pregado ao relvado, com a bola a ir para o fundo das redes. Com três golos de vantagem os forasteiros ficaram com o jogo praticamente controlado e o Desportivo não conseguiu voltar ao jogo. Aos 60 minutos, o Porto atira ao poste e, aos 64′, à barra, enquanto que o melhor que o Chaves conseguiu fazer foi um remate de longe de Tiba que passou por cima da baliza. Já aos 90′, os visitantes fecharam o resultado com um tiro dentro da área por Sérgio Oliveira.
Análise do GD Chaves
Bem, bem, bem, bem, por onde havemos de começar… Fazendo a análise de trás para a frente, percebemos que as fragilidades defensivas são preocupantes e tornam-se demasiado evidentes em jogos assim, em que a qualidade individual do adversário permite que qualquer deslize flaviense dê em golo. Já vimos este filme quatro vezes esta temporada: derrotas por 1-5 em Alvalade, 0-3 no Dragão e na Luz e agora estes 0-4 em casa. António Filipe está estranhamente inseguro e, tal como dissemos na antevisão a esta partida, parece que ficou confortável com a titularidade e começou a estancar, algo que já vimos tanta vez aquando da nossa “estadia” na II Liga onde só quando a titularidade foi dada a Paulo Ribeiro, Toni conseguiu voltar a mostrar serviço nas redes. Posto isto, parece ser altura do regresso de Ricardo à baliza transmontana, pelo menos até ao jogo contra o Sp. Braga.
A dupla de centrais não está muito melhor e nem parece ser a mesmo que conseguiu sofrer apenas três golos em seis jogos, ainda durante a primeira volta. Enquanto que Maras continua um colosso no centro da defesa, o companheiro de posição parece andar algo perdido e neste jogo foi demais evidente: Domingos Duarte perde a bola no lance do 1º golo, falha completamente a marcação no segundo e está completamente a dormir no quarto e isto sem contar com mais umas quantas desconcentrações que acabaram por não dar em nada.
Além disto, ficou também notório que a dupla de centrais está dependente constantemente de alguém que limpe os seus erros e há uma dependência enorme no trabalho defensivo do trinco. O titular nesta partida foi Filipe Melo, um jogo complicado para um jogador que precisa urgentemente de ritmo de jogo e que, à partida, não vai estar a 100% durante os 90 minutos, e a defesa recentiu-se imenso por isso porque Melo era demasiado lento para limpar sozinho os ataques contrários, enquanto que a defesa esteve sempre à espera que um terceiro elemento aparecesse a ajudar a colmatar os erros individuais. Juntou-se falta de velocidade a falta de qualidade defensiva e o resultado foram buracos atrás de buracos, principalmente após o 0-2.
Ainda falando da prestação da defesa, contámos também com um desiquilíbrio enorme na ala esquerda. Enquanto que na direita Paulinho e Matheus Pereira conseguiam deixar sob pressão os jogadores na esquerda do ataque portista, principalmente Alex Telles, o flanco contrário sofreu e muito porque nem Davidson nem Djavan conseguiam descer para evitar os cruzamentos de Maxi Pereira e as movimentações de Corona. Apesar de tudo, quando foi preciso atacar, os dois brasileiros mostraram-se bastante ativos, pelo que não foi espaço dado sem motivo.
Do meio-campo para a frente, sendo honestos, é complicado julgar a prestação porque toda a equipa ficou refém da desvantagem no marcador, mas Pedro Tiba esteve particularmente inconformado e não poucas vezes teve ser ele mesmo a tentar visar a baliza de José Sá, apesar de não ter sucesso em nenhuma delas. Já Bressan esteve num dia menos positivo e acabou substituído, e bem, por Stephen Eustáquio, havendo um padrão que já se começa a notar há algum tempo: sempre que o bielorrusso e Tiba estão juntos no meio-campo, principalmente a jogar em casa, há um forte desiquilíbrio da equipa porque os dois arriscam subir mais e mais e acabam por descompensar o processo defensivo, enquanto que, com Stephen no miolo, esse desiquilíbrio desaparece porque o jovem sub-21 português não sobe tantas vezes ao ataque e mantém-se mais como um pêndulo no meio-campo, quase como Battaglia na época passada, permitindo mais trabalho ofensivo do médio de ataque (como acontecia com Braga na última época, por exemplo).
O ataque fez os possíveis para mudar o rumo dos acontecimentos. Matheus Pereira fez a cabeça em água a Alex Telles e Davidson também fez muito para tentar ultrapassar a defesa adversária, mas o quarteto defensivo portuense esteve a bom nível e conseguiu suprir todas as tentativas azuis-grená. William, apesar de menos incisívo, também teve os seus momentos na frente.
Conclusões
Posto isto, depois de mais uma goleada sofrida esta temporada, percebe-se claramente que o estilo de jogo de Luís Castro, apesar de avassalador contra adversários diretos, deixa imenso a desejar em jogos onde a nossa qualidade individual é claramente inferior à do adversário. O plano de jogo é muito bom, mas calha alguma coisa falhar e vai tudo por água abaixo, principalmente do ponto de vista defensivo (basta olhar para o jogo contra o V. Guimarães, grande partida da nossa parte, mas a defesa falhou imenso). Além disso, este parece ser um problema apenas resolvido com reforços, principalmente no meio-campo defensivo e no centro da defesa, logo, só na próxima época. Por agora, temos qualidade mais que suficiente para ficar num confortável 8º lugar no final desta temporada e dá-nos margem para preparar-mos um plantel com maiores ambições para a próxima temporada e, acima de tudo, manter uma base sólida do plantel atual e realmente reforçá-lo. Penso que, dos 24 jogadores no plantel neste momento, é perfeitamente possível manter 18 e trazer 6 ou 7 jogadores que sejam, realmente, reforços em vez de segundas escolhas com qualidade dúbia.
Não se pode usar mesma estratégia com todas equipas…
Obrigado. Jogamos bom futebol mas nem sempre basta para conseguir pontos. Abraço e saudações!
O Chaves foi um digno vencido. Parabéns pela época que vem fazendo e pelo futebol bom que apresenta. É sempre de valorizar equipas que jogam o jogo pelo jogo e não metem o autocarro à frente da baliza, defendendo durante os 90 minutos. Chaves é uma cidade que gosta de futebol, que gosta do seu clube, que enche o estádio… Parabéns! Saudações desportivas!