Há 10 anos, o GD Chaves jogou a final da Taça de Portugal pela primeira vez na história. Os Valentes Transmontanos acabaram por cair frente ao FC Porto, mas deu vários calafrios ao detentor do troféu, num momento único na longa história azul-grená

Estádio Nacional, 16 de maio de 2010, final da Taça de Portugal. De um lado está o FC Porto, detentor do troféu. Do outro o Grupo Desportivo de Chaves, maior representante de Trás-os-Montes, em estreia absoluta na final da prova-rainha do futebol português.

 

Um duelo histórico para o conjunto azul-grená, numa altura em que se formavam nuvens negras sobre o futuro do emblema flaviense. Hoje, 13 anos depois, recordamos um dos maiores feitos da história azul-grená.

 

O começo da caminhada até ao Jamor

 

A aventura flaviense na Taça começou em setembro, com o GD Chaves a defrontar o modesto Amares, da III Divisão, e a vencer por 2-0 com um bis de Capuco e com Rui Rêgo a defender um penálti.

 

Seguiu-se o Leça, também da III Divisão, mas a vitória foi mais folgada para o Desportivo: 3-0, com dois golos de Siaka Bamba e um de Samson. Já em novembro, os flavienses, agora comandados por Nuno Pinto, defrontaram o União da Serra, da II Divisão B, e garantiram o passaporte para os oitavos após vitória por 2-0, com dois golos de Mbaye Diop.

 

 

Nos oitavos de final surgiu o primeiro desafio de peso para o Chaves, que teve pela frente o Beira-Mar, num reencontro com Leonardo Jardim. No Municipal, o jogo foi difícil e aos 25 minutos podia ter corrido mal para o Desportivo, com um penálti a ser assinalado a favor dos aveirenses. No entanto, Rui Rêgo brilhou com um vôo para a direita e evitou o golo.

 

Os flavienses responderam da melhor maneira, com Mbaye Diop a rematar à barra e a bola a entrar na baliza depois de bater nas costas do guarda-redes. Vitória pela margem mínima e qualificação para os quartos de final.

 

Fez-se «Taça» na Mata Real

 

Pela frente, o Desportivo teve uma deslocação difícil à Mata Real para defrontar o Paços de Ferreira, finalista vencido da Taça de Portugal. Prova de fogo para os comandados de Nuno Pinto, mas que começou da melhor maneira para o Chaves, com Diop a aproveitar uma defesa incompleta de Cássio para fazer o 1-0 logo aos dois minutos.

 

Aos 10′, mais um motivo de festa para os adeptos transmontanos, com Carlos Pinto a bater um livre perfeito, com a bola a ir ao ângulo da baliza e a aumentar a vantagem azul-grená.

 

Os pacenses reduziram a desvantagem, mas nada que evitasse uma histórica qualificação do Chaves para as meias-finais da Taça de Portugal, que deixou em euforia todos os flavienses.

 

Ricardo Rocha abriu as portas do sonho

 

 

Pela frente o Chaves tinha a Naval, também da Primeira Liga. O último obstáculo antes de uma histórica chegada ao Jamor, mas era preciso levar a melhor sobre os primodivisionários duas vezes, já que as meias-finais já eram a duas mãos, com o primeiro jogo marcado para o Municipal a 23 de março.

Bamba luta pela bola com um jogador da Naval Fonte: Jornal Record

 

Com as bancadas cheias, o Desportivo jogou cara-a-cara com a Naval, mas o grande momento do jogo estava marcado para a compensação: Aos 90’+3, Diego Ângelo marcou para os visitantes, mas o árbitro anulou o golo por fora de jogo.

 

Já na última jogada do encontro, o Chaves beneficiou de um canto na direita. Castanheira bombeou a bola para a área e o central Ricardo Rocha saltou para o desvio certeiro em cima do apito final. 1-0, euforia flaviense no Municipal e uma vantagem preciosa para a 2.ª mão.

 

Edu, o herói flaviense

 

 

No estádio José Bento Pessoa, o jogo não começou bem para os comandados de Tulipa – terceiro treinador da temporada – que sofreram um golo logo aos 15 minutos, um pontapé de bicicleta de Fábio Júnior após um livre na esquerda.

 

Edu levado em ombros após colocar o GD Chaves na final da Taça Fonte: Jornal Record

 

 

Esfumou-se a vantagem, mas os flavienses nunca baixaram os braços, deram luta à Naval e conseguiram levar o jogo para prolongamento, onde surgiu um herói improvável, entrado aos 69 minutos para o lugar de Clemente: Edu Machado.

 

Aos 109 minutos, um defesa da Naval fez um mau atraso para o guarda-redes, o jovem extremo fintou o guarda-redes e meteu a bola no fundo da baliza para empatar o jogo, com grandes festejos dos adeptos nas bancadas e dos jogadores no relvado.

Jogadores e adeptos conviveram numa área de serviço, no regresso a Chaves

 

Jogo de sonho para Edu, que em cima no minuto 120 voltou a entrar em ação: Flávio Igor passou pelos defesas adversários e, já na área, cruzou para o jovem flaviense, que mergulhou para fazer o 2-1 de cabeça e carimbar o acesso à final da Taça de Portugal pela primeira vez na história azul-grená.

 

Um momento único na vida do Desportivo de Chaves, que deixou a cidade em apoteose.

 

Jamor pintado de azul… grená

 

 

A final da Taça de Portugal ficou marcada por um sentimento agridoce nos flavienses. Apenas uma semana antes desse dia 16 de maio, o Desportivo viu confirmada a descida de divisão em pleno Municipal, após derrota por 1-0 frente ao Fátima na última jornada do campeonato.

 

Debaixo do sol do Jamor, os comandados de Tulipa tentavam fazer (ainda mais) história frente ao FC Porto, que queria salvar a época com um troféu.

O onze da final da Taça: Rui Rêgo, Danilo, Ricardo Rocha, Lameirão, Eduardo, Siaka Bamba, Bruno Magalhães, Castanheira, Edu Machado, Samson, Mbaye Diop Fonte: Jornal Record

 

O Chaves começou forte e logo aos nove minutos, Edu deixou os corações flavienses a palpitar com um chapéu oportuno a Hélton, mas a bola bateu em cheio no poste. O FC Porto respondeu e em dez minutos deu dois golpes fortes nas aspirações do Chaves: primeiro Guarín fez 1-0 aos 13 minutos, depois foi Hulk a aparecer sozinho e a oferecer o 2-0 a Falcao dez minutos depois.

 

Os transmontanos não desistiram e aos 37 minutos colocaram mesmo a bola na baliza, mas o árbitro anulou o golo por braço na bola de Samson. Balde de água fria para os milhares de flavienses nas bancadas do Jamor, que viram o Chaves chegar ao intervalo a perder por 2-0.

Adeptos do GD Chaves nas bancadas do Estádio Nacional

 

Já na segunda parte viu-se menos ação, com o Desportivo a ter dificuldades para visar a baliza em condições, enquanto que os portistas tentavam controlar o jogo, com Miguel Lopes a conseguir ainda atirar a bola à barra após um livre.

 

Perto do fim, os adeptos puderam saltar de alegria: Pontapé longo, Bruno Alves desentende-se com Hélton e Clemente a aproveitar para fazer o 2-1, com festa azul-grená nas bancadas.

 

Milhares de transmontanos apoiaram o GD Chaves no Jamor frente ao FC Porto

Surgia uma réstia de esperança e, no minuto a seguir, quase que o Chaves chegava ao empate num remate de longe, mas Hélton conseguiu a defesa e nem a expulsão de Bruno Alves serviu para o Desportivo conseguir o empate.

 

O Chaves caiu na final da Taça de Portugal. Caiu, mas de pé, num dos maiores momentos da história azul-grená. O regresso ao Jamor tem sido adiado ano após ano, mas com a certeza que, um dia, se vai voltar a pintar o Estádio Nacional de azul-grená.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

P