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Após a entrevista do Sr. Francisco ao O Jogo, onde dizia estar “desiludido” pela falta de apoio ao clube, fomos ver o que pode o Desportivo fazer para mudar a situação menos boa atual e atrair mais sócios e adeptos ao clube.

 

 

No dia em que faz 63 anos, Francisco Carvalho, presidente honorário do nosso Desportivo, disse à imprensa nacional que o clube/SAD não andavam propriamente nas nuvens financeiramente e “ameaçou” mesmo em sair do clube se as coisas continuarem assim. Pois bem, fizémos a análise e a pesquisa de forma a ver o que pode a direção fazer para tentar alterar esta realidade sem ser preciso bater com a porta.

 

 

6 milhões de orçamento? Um bocado demais…

 

 

A parte da entrevista que nos deixou mais preplexos foi mesmo o orçamento que o Desportivo dispôs para esta temporada: 6 milhões de euros. Este é mesmo um dos orçamentos mais altos da Liga, juntamente com Rio Ave e Marítimo, e deixa-nos bastante apreensivos, porque será mesmo preciso gastar tanto dinheiro todas as épocas?

 

 

Para começar, temos de ver que esta época houve gastos absurdos em transferências, com 1,1 milhões de euros gastos no pagamento a clubes por jogadores (200 mil de Jefferson, 400 mil de Maras e 500 mil de Stephen Eustáquio). Mesmo que se tenha conseguido bons ganhos financeiros em janeiro (2,5 milhões de euros após as transferências de Freire, Assis, Paulinho e Jorge Simão), não há razão para se esbanjar tanto dinheiro quando cá em Portugal há oportunidades de negócio que, muitas vezes, nem verba de transferência é preciso pagar.

 

 

Na II Liga, a maioria dos contratos dos jogadores são de um ano e há aí uma grande oportunidade para o Desportivo ir buscar jogador de qualidade e baratos para apetrechar o seu plantel de bons ativos sem grande despesa. Aliás, isso aconteceu várias vezes com o Chaves quando andávamos na II Liga (saídas de Sagna, João Góis, Stefanovic, etc foram todas a custo zero) e cabe-nos a nós seguir o mesmo exemplo.

 

 

Depois de saber o valor do orçamento do clube, e supondo que estamos a falar dos gastos do Chaves todas as épocas e não estamos a pôr ao barulho a construção da nova bancada e centro de treinos, ganha força um rumor que circulou no verão entre os adeptos do Vitória SC que diziam que Bressan não tinha ido para Guimarães porque o Chaves ofereceu 200 mil euros (!) de salário anual ao médio bielorrusso. Ele é um excelente jogador, sem dúvida, mas 20 mil euros por mês por um jogador de 29 anos? Será Bressan assim tão insubstituível que tenha de se pagar a peso de ouro? Duvido…

 

 

Além disso, a criação de um departamento de Scouting permitirá finalmente encontrar os futuros grandes nomes da Liga NOS na II Liga, Campeonato de Portugal ou até mesmo na distrital, contextos que vão envolver um investimento bastante menor por parte do clube e de onde se pode conseguir sucesso. Um jogador caro nem sempre é garantia de um bom jogador e cabe ao clube/SAD procurar os melhores ativos e tentar encontrá-los quando ainda não estão valorizados.

 

 

Receitas de Jogo e baixas assistências

 

 

Em termos de assistência média não se pode dizer que a chegada à Primeira Liga tenha proporcionado um aumento exponencial no Desportivo de Chaves, principalmente se tirarmos da equação os jogos contra os ditos grandes. Segundo números do investidor, há, em média, cerca de 1800 sócios nas bancadas e cerca de 500 convites distribuídos por jogo, o que significa que há entre 200 e 600 bilhetes vendidos ao público em geral. Aqui vê-se que a receita de bilheteira não ultrapassa, em média, os 21 mil euros na maioria dos jogos da temporada.

 

 

Mas aqui também há que ter em conta que pedir 20€ por jogo é um valor demasiado alto para o comum flaviense e, apesar deste valor valorizar os benefícios que os sócios têm (apenas pagam 5€/jogo), acaba por afastar o comum espetador e, sem sentir a vibração do dia de jogo, dificilmente alguém vai sequer dar-se ao trabalho de ser sócio. Aqui o clube devia apostar, em jogos onde assistência costuma ser baixa, em preços mais baixos que continuem a valorizar as vantagens de ser sócio. Como? Simples:

 

 

Cada sócio, supondo que vai a todos os jogos em casa, gasta cerca de 100 euros em bilhetes durante a temporada o que faz com que os sócios do topo sul paguem 180€ no total, os da descoberta idem e os da coberta gastam 220€ anuais em quotas + bilhetes. Com estes valores, o clube precisa de praticar preços que não sejam proibitivos mas que no total da temporada mantenham-se acima dos valores a pagar pelos sócios, ou seja:

 

 

-Topo Sul: os bilhetes podem ser 10€ e duplica-se esse preço em jogos contra “grandes”. Total pago/época por não-sócios: 200€

 

-Descoberta: os bilhetes podem ser exatamente o mesmo preço que o topo sul. Além de ser a bancada com menores condições do estádio, não faz sentido cobrar mais apenas porque é uma central.

 

-Coberta: Tudo bem que a central coberta é a bancada dos sócios, mas não faz sentido não se vender bilhetes para esta bancada. Para se dar prioridade aos sócios, bastava-se deixar disponíveis os bilhetes para a coberta no dia de jogo ao preço de 20€/bilhete e não se vendia apenas para os jogos contra a estarolada. Total pago/época por não-sócios: 280€

 

 

Além destes preços mais acessíveis, devia-se criar, de uma vez por todas, o bilhete de acompanhante de sócio, que permite os associados do clube levarem companhia ao estádio pelo mesmo preço do bilhete sócio. Se o estádio não enche em 14 jogos dos 17 em casa durante a temporada, porque não permitir que os próprios sócios tragam mais gente aos estádios? Como diz o outro, mais vale 10€ na mão que 20€ a voar.

 

 

Cidade com 40 mil habitantes, clube com 5700 sócios

 

 

A parte que mais razão temos de dar ao mecenas do Desp. Chaves é no número de sócios que o clube tem neste momento. Como é possível o único clube de Primeira de toda a região, clube pelo qual todos simpatizam, tenha apenas 5700 sócios, dos quais só 1800 vão ao estádio? É ridículo, mas também há alguma responsabilidade da parte do clube. Vamos lá ver, como se quer aumentar o número de sócios se a última vez que se fez uma campanha de angariação de associados foi em 2011? Cabe à direção organizar campanhas de novos sócios, criar mais vantagem para quem for associado e mostrar porque vale a pena fazer-se parte da família azul-grená.

 

 

Sejamos honestos, os adeptos movem-se por paixão e romantismo, mas não há nenhum romantismo em dizer-se “hey, paguem 80€ de quotas anuais para o clube poder pagar as contas”. É verdade, sim, mas não atrai ninguém. É preciso apelar ao ser-se transmontano (a campanha dos Valentes Transmontanos, na altura da II B, foi excelente), destacar os grandes adeptos que o Desportivo tem e, acima de tudo, dar vantagens reais a esses flavienses. “Que vantagens?”, perguntam vocês. Pois bem:

 

 

-Descontos nas deslocações

 

-Desconto fixo em todos os artigos da loja do clube

 

-Desconto nas quotas das modalidades/camadas jovens

 

 

Não é preciso reinventar a roda. Há que seguir os esquemas já usados com muito sucesso por outros clubes portugueses (Benfica, Sporting, Porto, Sp. Braga e Vitória SC por exemplo), aplicá-los à realidade do Desportivo de Chaves e tentar conseguir resultados. Criar um kit sócio também seria boa ideia, um pack com um cachecol, dois bilhetes para qualquer jogo da Primeira Liga (excepto “grandes”) e um voucher de desconto de 50% em qualquer artigo da loja e ficava toda a gente feliz e contente.

 

 

Agora, há outro problema que torna tudo isto contra-produtivo, que é o Francisco Carvalho dizer várias vezes à imprensa que é ele que paga tudo. Não é que não seja verdade, longe disso, mas muita gente fica com a sensação de não ter qualquer responsabilidade financeira com o clube porque, no final de contas, “o Chico paga”. É preciso lembrar os sócios que não é por haver alguém que meta dinheiro no clube e que equilibre as contas que são tudo rosas no Desportivo.

 

 

Por último, há um erro básico que tem de se resolver imediatamente: não há opção para inscrição de novos sócios no site. Este é um erro que se devia de ter resolvido já há imenso tempo, ainda para mais quando se fala de um clube como o Chaves, que tem tantos adeptos longe da cidade e da região. Sócios têm de ter a opção de pagar quotas sem ter que ir ao estádio e adeptos do clube têm de ter a opção de se inscreverem como associados sem terem que ir à cidade. Quantas e quantas pessoas ficam anos e anos sem ir a Chaves? Pois, há que pensar em tudo.

 

 

1 thought on “Como resolver a falta de apoio da cidade ao Desportivo

  1. Engraçado, há tantos problemas com a cidade, mas estes são os que saem a público.

    Teoricamente 15% da população é sócia, acham pouco?

    Concordo que 6 Milhões é um absurdo, mas se querem mesmo gastar esse dinheiro que o gastem, depois não venham chorar por eles, gastaram porque quiseram!

    Já o que a câmara lá enterrou sim, devia indignar muito mais gente (os tais 85% que não são sócios por exemplo).

    Percebo a sua ideia de tentar ajudar o clube, a qual respeito e dou o devido valor, agora vamos olhar para as outras modalidades desportivas e actividades culturais que se encontram desamparadas há anos…

    As piscinas municipais são a vergonha que se vê;
    Ténis…
    Atlétismo…
    Tudo o que sejam desportos de motor…
    Etc etc..

    Será que estes todos juntos não fazem uma maioria muito maior do que a que se preocupa com isto?

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