
Estávamos nos finais dos anos 80, a temporada 1988/1989 do Desportivo de Chaves já estava em andamento, quando chegou a Trás-os-Montes um jovem defesa brasileiro, vindo do desconhecido Brasília. Luiz Filgueira, com 21 anos, foi reforço de última hora para João Fonseca – então técnico flaviense após a saída de Raúl Águas – e foi figura de proa nas cinco épocas e meia que vestiu a camisola azul-grená.
Naquela primeira época, desapontante para as hostes flavienses, já que o Chaves terminou em 13.º lugar no campeonato (pior classificação, na altura, desde a subida à Primeira Divisão), Filgueira estreou-se em Viseu, numa vitória por 1-0 frente ao Académico.
Aqui nasceu uma dupla de qualidade com o conterrâneo brasileiro Jorginho, defesa mais experiente que quase fazia parte da mobília no Municipal.

Após 29 jogos na primeira época, Filgueira cimentou o lugar no centro da defesa na época seguinte, ainda ao lado de Jorginho.
Uma temporada de alto nível sob comando de José Romão e que só não deu em competições europeias porque o Estrela da Amadora venceu a Taça de Portugal e “roubou” a qualificação ao Desportivo. De destacar, também, a estreia a marcar de Filgueira com a camisola azul-grená, num empate 1-1 com o Belenenses no Municipal.
No entanto, em 1990/1991, chegou ao fim a dupla de centrais brasileiros: Jorginho trocou Trás-os-Montes pelos franceses do Mulhouse, mas o substituto do brasileiro já estava no plantel flaviense. Manuel Correia passou a ser parceiro de Filgueira e, juntos, mantiveram a consistência da defesa azul-grená.
O defesa brasileiro aproveitou para ser mais letal na frente, com dois golos nessa temporada, incluindo num empate 2-2 com o Sporting. Tentos que mostraram a capacidade de Filgueira em mais que defender, num total de sete golos conseguidos com a camisola azul-grená.

Boas exibições de Filgueira que acompanhavam a consolidação do Desportivo na I Divisão: 8.° lugar em 1990/1991, seguido de um 9.° em 1991/1992, e nada fazia prever a fatídica época 1992/1993.
Derrotas atrás de derrotas, com o Chaves a só conseguir a segunda vitória no campeonato a 31 de janeiro. Época atípica depois de, na 13.ª jornada, a invasão de campo no Municipal após um jogo com o Boavista ter obrigado o Desportivo a jogar em Bragança o resto da época.
O pior chegou no fim: último classificado destacado e regresso mais que anunciado ao segundo escalão. Filgueira bem tentou evitar esse final desastroso com dois golos em 36 jogos, mas também o brasileiro teve de seguir para a II Divisão.
1993/1994 começou com Filgueira ainda em Trás-os-Montes. Depois de um golo em nove jogos, porém, a I Divisão chamou pelo brasileiro, que se despediu do Desportivo após cinco temporadas e meia de azul-grená para rumar ao V. Setúbal.

Seguiu-se o Marítimo e o Belenenses, onde se tornou numa glória dos azuis e onde, em 2001/2002, foi colega de equipa de… César Peixoto, atual técnico flaviense.
Presença assídua no Restelo, nunca esqueceu o Desportivo de Chaves e, em 2016/2017, no regresso azul-grená a Belém 17 anos depois, confraternizou com os adeptos transmontanos antes do jogo. Adeptos, esses, que não esquecem um dos melhores defesas que vestiu a camisola do Chaves.
PERFIL DO JOGADOR
Nome: Luiz Carlos Filgueira
Data de nascimento: 10-01-1967
Naturalidade: Brasília, Brasil
Posição: Defesa-Central
Clubes na carreira: Brasília (1988), GD Chaves (1988/1989 a 1993/1994), V. Setúbal (1993/1994 a 1994/1995), Marítimo (1995/1996), Belenenses (1996/1997 a 2003/2004)